quarta-feira, 24 de abril de 2013

Dejan Savićević - O Gênio Iugoslavo


É uma lenda porque: um dos grandes destaques do Milan nos anos 90 e da antiga Iugoslávia. 


A região leste européia costuma reservar algumas surpresas futebolísticas. Mesmo com todos os seus problemas, conflitos, separações e unificações de países (que ocorrem de maneira constante), de tempos em tempos aparecem jogadores acima de qualquer discussão bairrista, capazes de despertar a admiração de rivais e respeito de muitos. O mesmo aconteceu com o Montenegrino (até a década de 90 Iugoslavo) Dejan Savićević.

Meia ofensivo de extrema habilidade, Dejan começou a carreira nos anos 80 atuando por equipes locais como o Titogrado (time de sua cidade natal) e o Estrela Vermelha de Belgrado, hoje equipe representante da Sérvia. Esse último por sinal, foi levado ao topo da Europa por Savićević em 1991 com o título da Liga do Campeões da UEFA, conquistado ao lado de outras futuras lendas como Robert Prosinečki e Siniša Mihajlović. Essa façanha não teve precedentes na até então unificada Iugoslávia e nem nos países oriundos das separações ocorridas até os anos 2000, tornando assim a equipe de Belgrado como a única da história da região conseguir o mais importante dos títulos europeus. 

No ano seguinte se transferiu ao Milan, onde seria adotado como um dos maiores ídolos rossoneros. Sob o comando do jovem treinador Fabio Capello, tornou-se destaque da equipe logo em sua primeira temporada, resultando no título do Scudetto italiano. Glória a qual ele repetiu na temporada seguinte, quando ao final da mesma, fez aquela que provavelmente é sua mais lembrada e cultuada atuação com a camisa milanista. 

Frente ao dito como quase imbatível Barcelona comandado por Johan Cruyff, mesmo com o peso de sua camisa, o Milan era franco atirador. Cheio de desfalques como os defensores Baresi, Costacurta e o atacante dinamarquês Brian Laudrup, contra um adversário que contava com Romário, Stoichkov e Koeman. O que se viu em Athenas naquela noite de 18 de Maio foi um verdadeiro show de bola, o famoso "passeio", um massacre sem piedade orquestrado por um inspirado... Savićević! Contrariando casas de apostas e qualquer "lógica" (se é que tal palavra é possível no futebol). O jogador montenegrino liderou sua equipe que transformou o "Dream team" em um tipo de sparring de luxo, marcando um gol, oferecendo uma assistência e participação direta nos outros dois tentos que fecharam o placar. Uma humilhação que desmontaria a equipe da Catalã e decretaria o fim da Era Cruyff no Barcelona.


Mesmo com seu destaque na fantástica vitória na Grécia, Savićević não pode atuar na Copa do Mundo doa EUA, por um decreto da FIFA que impedia a Iugoslávia de atuar em competições internacionais como punição por suas constantes guerras civis separatistas. Voltando à Copa apenas na França em 1998, Dejan não pôde mostrar seu mesmo destaque pela seleção que obteve pelos clubes, assim como já havia acontecido em 1990. 

Savićević encerrou a carreira no Rapid Wiena da Áustria após um breve retorno ao Estrela Vermelha. Com a independência da nação de Montenegro, seguiu vivendo em seu agora independente país. Um dos camisas 10 mais amados da história do Milan, jamais terá sua habilidade esquecida. Especialmente por aqueles que viram o que aconteceu na Grécia àquela noite. Os que viram o Show Man do leste destruir encerrar a Era do Time dos Sonhos. 

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Matthias Sammer - O Cabeça de Fósforo.


É uma lenda porque: maior ídolo da história do Borussia Dortmund, foi o grande destaque da equipe em sua única conquista européia em 97.

A Alemanha viveu dividida em seu período pós guerra. Os lados "Ocidental" e "Oriental", como eram conhecidos, eram divididos por um muro em plena cidade de Berlim. Por um bom tempo, os dois lados tiveram suas próprias seleções disputando até Copas do Mundo simultaneamente (e se enfrentando, como ocorreu na Copa de 1974, com a vitória do lado Oriental, que nunca teve muito destaque esportivo, se comparado ao lado Ocidental). Mas então houve a re-unificação do país em 1990 e acabavam-se as discussões e problemas. Isso deu a oportunidade para que não apenas o lado Ocidental e a Europa de conhecer melhor um peculiar jovem que atuava no meio de campo do Dinamo Dresden. Peculiar pois a facilidade com que se notava seus cabelos vermelhos era proporcional a admiração seu futebol trazia. Esse jovem era Matthias Sammer. 

Sammer veio da cidade homônima ao time em que começou a carreira e que lhe deu projeção "bi" nacional. Campeão da liga da Alemanha Oriental, antes mesmo da queda do muro de Berlim, foi negociado com o Stuttgart, onde atuou até 1992, quando foi negociado com a Inter de Milão para manter a "herança" dos alemães que passaram pelo clube anteriormente, como Jürgen Klinsmann e Lothar Matthäus.


Mesmo com um bom início, voltou a Alemanha após uma temporada na Itália, para defender o Borussia Dortmund, clube conhecido pelo fanatismo de sua torcida. E lá teve desempenhos que fizeram a população se lembrar do "Kaiser" Beckenbauer e isso pois não se via alguém ocupar a posição de líbero com tanto talento a muito tempo nas terras germânicas. Não à toa foi o capitão do time e grande destaque da vitoriosa campanha da Liga dos Campeões de 96/97, quando o Borussia foi campeão pela primeira (e até agora única) vez.

A segurança e liderança que exerceu durante a temporada, somada aos mesmos fatores citados, porém demonstrados com a camisa da seleção alemã durante o título da Eurocopa de 1996 foram determinantes para o prêmio da Bola de Ouro, concedida pela revista France Football como o melhor jogador da Europa. O primeiro jogador de defesa, justamente após Beckenbauer nos anos 70, a conquistar esse título. 

Infelizmente, foi mais um dos talentos que encerrou a carreira de maneira precoce devido as lesões. Mas não importa. Em Dortmund, é até hoje dito como o maior jogador da história do clube. Mesmo trabalhando como diretor do Bayern de Munique, a idolatria dos fãs do Borussia não diminuiu. Pelo contrário. 

É um degrau tal que é difícil que se fale do Borussia nessa cidade e não se lembre dos cabelos vermelhos e da maestria em campo de Matthias Sammer. 





Frases sobre DELE:  

- "Fui o último jogador alemão a conquistar um prêmio individual de grande destaque. É o único título que espero perder." - Sobre o potencial da atuação geração da seleção da Alemanha.






quarta-feira, 3 de abril de 2013

Pierluigi Collina - O grande árbitro



É uma lenda porque: provavelmente o único árbitro a deixar saudades no mundo do futebol.

A profissão de árbitro de futebol é bem ingrata. Em 99,99% das vezes, o juiz é um jogador frustrado por não ter habilidade para jogar em nenhuma posição, mas para não abandonar o esporte, acaba se submetendo ao serviço de ser o "mediador" de partidas. Mais até do que o goleiro, quase sempre é responsabilizado por derrotas ao lado de seus fiéis escudeiros: os bandeirinhas.Xingados, humilhados, perseguidos, os aficionados só se lembram do nome desses cidadãos quando cometem algum erro crasso contra sua equipe. Mas um, provavelmente o único que conseguiu (e talvez o único que CONSEGUIRÁ) deixar saudades foi um excêntrico italiano chamado Pierluigi Collina.

Torcedor da Lazio mas fanático por BASQUETE, jogava futebol por mera diversão em um clube pequeno de Bologna, sua cidade natal. Mesmo sem ter cogitado jogar profissionalmente, teve de encerrar a curtíssima carreira amadora devido a uma lesão no tornozelo. A partir disso, para não abandonar o clube e os companheiros, passou a ajudar o técnico arbitrando os treinos da equipe. Sua nova função lhe rendeu a oportunidade de participar de partidas amadoras, para logo em seguida iniciar o curso de arbitragem. E tudo isso com apenas 17 anos!

Sua alopécia (doença que faz os pelos e cabelos de uma determinada parte ou de todo o corpo cair) diagnosticada no começo dos anos 90 lhe garantiram seu famoso visual "assustador" que todos conhecem, mas que se tornou notável após 1995, quando ganhou seu distintivo FIFA, que lhe dava a oportunidade de apitar jogos internacionais. 


Em sua extensa lista, as finais das Olimpíadas de 1996 entre Argentina x Nigéria, Bayern de Munique x Manchester United pela Liga dos Campeões de 98/99 e a Copa de 2002 entre Brasil x Alemanha, são sem dúvidas as de maior destaque. Todas executadas de maneira impecável.


Ninguém consegue imaginar outro árbitro que tenha mostrado tanto carisma e imposto tanto respeito. Respeito tal que em 2005, ano de sua aposentadoria oficial (todos os árbitros devem se aposentar aos 45 anos de idade), a Federação Italiana de Futebol contrariou todas as regras e lhe pediu para que atuasse por mais um ano. E os mesmos respeito e carisma, hoje, lhe renderam o cargo de chefia do comitê de árbitros da UEFA. 

Chega a ser curioso. Em um meio que costuma crucificar seus mediadores em campo, entre os tantos que já passaram pela função, manchando-a muitas vezes, ele se tornou o único que jamais foi chamado de ladrão. 

E sem dúvida alguma, ele é o único entre a classe cuja mãe jamais foi ou será xingada.






Frase DELE: 

- "O futebol não é um esporte perfeito. Não entendo porque querem que os árbitros sejam." - Sobre o porque de odiarem tanto os juízes de futebol.