terça-feira, 7 de setembro de 2010

Rogério Ceni - O Mito Tricolor

É uma lenda porque: é o maior goleiro-artilheiro de todos os tempos e um dos poucos jogadores na história que permaneceu mais de 20 anos em um unico clube.

Hoje, no dia 7 de Setembro, além de independencia do Brasil os São Paulinos comemoram os 20 anos de Rogério Ceni jogando pelo São Paulo.

Muito mais que um simples goleiro, é mais um dos jogadores destacaveis por sua personalidade e inteligencia diferenciadas. Lider dentro e fora de campo, ousou avançar os limites do gol e da área que defendia, justamente para fazer gols. Gols, exatamente 90 gols que o tornam uma presença garantida em qualquer livro de recordes no futebol. Nenhum goleiro fez tantos gols quanto Rogério Ceni.

Apesar de muitas "controvérsias" sobre sua anteriormente citada personalidade, sempre foi um profissional inquestionável. Sempre buscando a perfeição, sempre treinando mais que os outros e sempre querendo jogar. Jogos, principalmente em campeonatos Brasileiros, engrandecem sua lista de recordes. Nenhum jogador jogou tanto em campeonatos Brasileiros quanto Rogério Ceni.

Em sua busca pelo aperfeiçoamento e os recordes, um especifico era inevitável. Após 205 jogos como reserva do irretocavel Zetti, Rogério abraçou sua oportunidade e nunca mais a largou. Em 924 oportunidades, vestiu e honrou a camisa Tricolor. Nenhum jogador atuou tantas vezes pelo São Paulo quanto Rogério Ceni.

Atrelado ao mesmo numero de jogos, ninguém no próprio São Paulo levantou tantos titulos, ninguém no São Paulo ganhou tantos premios individuais, ninguém no São Paulo foi tão prestigiado e respeitado...

Problemas? Claro que houveram também. Divergências com diretores, polemica sobre uma falsa proposta de um clube europeu, perseguição da própria torcida durante alguns anos de resultados ruins... mas no final, tudo foi superado e mais do que devidamente recompensado.

Nos dias de hoje, graças ao "profissionalismo" do futebol, são raros exemplos de jogadores que permanecem a carreira toda em um unico clube, ainda mais com o exodo de atletas brasileiros para o exterior. Rogério Ceni é um caso de devoção ao time pelo qual joga que deveria ser seguido.

Uma jovem promessa que passou a reserva de outro idolo. O reserva que se firmou ainda jovem, e lutou para superar certas contestações técnicas, criticas e perseguições. E com tudo isso se tornou o maior idolo da história do São Paulo Futebol Clube.

Essa é a lenda, ou melhor, o mito de Rogério Ceni.




[ATUALIZAÇÃO 27/03/2011] E hoje, mais uma vez, o mito aumentou seu próprio recorde. Em mais um dos clássicos episódios irônicos do futebol, Rogério Ceni marcou seu gol de número 100 justamente contra o  grande rival do São Paulo, o Corinthians, clube que vinha de comemorações de seu ano de centenário "desastroso", e nunca havia recebido um gol de falta do goleiro.

Que o dia 27 de Março do ano de 2011 seja lembrando pela eternidade como o dia em que um goleiro teve a audácia de comemorar seu centésimo gol na carreira.

Que essa data marque a definitiva em que um homem ultrapassou a barreira que o tornava pratimônio do clube que defende, mas passou a pertencer ao mundo.

Que este dia seja lembrado como o dia da confirmação de uma imortalidade.



Que este seja lembrado como o dia de Rogério Ceni.

[ATUALIZAÇÃO 07/09/2011] Exatamente um ano atrás, escrevi esta crônica falando sobre os 20 anos de Rogério Ceni com a camisa tricolor. No começo de 2011, ele alcançou a meta de 100 gols, feito inédito para um goleiro. E agora, Rogério escreve seu nome na história (mais uma vez...) se tornando um dos poucos jogadores na história do futebol que conseguiram a façanha de fazer 1000 jogos por seu clube.

Não existem mais palavras ou elogios a se fazer. Nada de fatos a se notar ou números a se contar.

Sem comentários.

Apenas aplausos.




Frases sobre ele:

- "Na partida, nem precisou mostrar a outra face, igualmente prodigiosa, de sua notoriedade. Não há, no mundo, outro exemplo de goleiro com tamanha lucidez jogando com os pés. Pés que pensam. Pés que, por onde passam, vão deixando pela grama rastros de mãos." - Armando Nogueira

- "Todos tem goleiro, só nós temos Rogério." - Torcida São Paulina.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira - O Doutor

É uma lenda porque: gênio dentro e fora de campo, idolo, lider e simbolo de uma geração Corinthiana.

Quantas vezes na história vimos um jogador de futebol transceder os limites entre louco e gênio? Quantos jogadores foram vistos com a capacidade de colocar sua própria ideologia em um clube e mudá-lo? Quantos jogadores se envolveram em movimentos fora do campo visando a mudança mais do que necessária em seu país? Entre essa minoria gritante, um homem, carregando o nome de um dos maiores filósofos da história revolucionou um clube com sua sabedoria e genialidade que iam muito além das quatro linhas.

Ano de 1978. O célebre presidente do Corinthians Vicente Matheus anuncia a contratação de um jovem jogador vindo do Botafogo de Ribeirão Preto.  Alto, magro, o estudante de medicina (algo mais do que raro na época, aliás, raro até hoje um jogador aliar o esporte aos estudos) vinha gerando a cobiça de vários clubes Paulistas. O São Paulo Futebol Clube chegou a sondar seu passe, mas seu destino havia sido definido no Parque São Jorge.

Lá, viveria os seus melhores anos de carreira (segundo suas próprias palavras), aderindo a camisa Corinthiana como se fosse sua própria pele dentro de campo, e aliando seus principios ideológicos com a história do clube, criando uma identificação que hoje o tornão a unica unanimidade em qualquer eleição de "maiores idolos" do clube.
Em campo, sua classe, elegância, inteligencia e frieza se aliavam com raça e liderança. Tais atributos não tardaram em lhe garantirr uma vaga na seleção brasileira. Na Copa de 1982, seria não apenas uma das estrelas do magico meio de campo do Brasil que encantou o mundo lado de Zico, Falcão e Toninho Cerezo, como também o capitão da equipe. Por um dos famosos "acasos" do futebol, aquela brilhante seleção foi eliminada pela Italia em um jogo mais do que atipico. Quatro anos depois, na Copa do México, teve sua chance de se redimir pelo fracasso da Copa anterior, mas novamente em um daqueles momentos em que percebemos o porque do futebol ser uma paixão inexplicável, seria eliminado em uma disputa de penaltis contra a França, no qual seria um dos jogadores que perdeu sua cobrança. 

Voltando ao Corinthians, as mudanças que traria ao clube se iniciaram em 1981. Com a saida do então presidente Vicente Matheus, Waldemar Pires herdaria o cargo e inovaria, graças a pedidos não apenas de Sócrates, mas outros idolos daquele time como Wladimir, Casagrande, Zenon e Biro-Biro ajudaram a instituir o "voto direto" em toda e qualquer decisão dentro do clube. Desde os jogadores e comissão técnica, até o presidente e o roupeiro, todos teriam o direito de votar igualmente. Os jogadores em sua maioria contra a Ditadura militar que regia o Brasil, também participam de movimentos de partidos politicos que iam contra a ditadura. O Corinthians foi o primeiro clube do país a utilizar marcas publicitárias em sua camisa, mas na maioria das vezes o enfoques das "propagandas" da camisa eram frases contra a ditadura. Os mesmos jogadores também participaram dos movimentos "Diretas Já". O publicitário e também muito Corinthiano Washington Olivetto batizou tudo isso como "A Democracia Corinthiana."





Nos dois titulos Paulistas conquistados em 82/83, seu calcanhar mágico e os ideais pelos quais lutava ao lado de seus companheiros de time fizeram a diferença nas duas finais contra o São Paulo, que o havia apenas "sondado" no seu inicio de carreira. Em 1984, se transferiu para a Fiorentina, e apsar de ser visto como um grande jogador que passou pela equipe da cidade de Florença, ficou pouco tempo na Italia por desconfiar do envolvimento de alguns colegas de clube com apostas e manipulações de jogos. De volta ao brasil, atuou por Flamengo e Santos antes de se transferir para o Botafogo de Ribeirão Preto, o time em que havia começado a carreira e seria seu ultimo.
Mesmo com seu fracasso em Copas do Mundo, continua sendo um dos mais respeitados jogadores brasileiros do mundo. Liderou uma um time do interior, uma seleção de astros e uma democracia.  Sua frieza em campo contrastava com a personalidade fortissima fora dele. E apesar disso, levava a fama de um atleta "boemio", algumas vezes até debochado.  Bebia, fumava, não ia bem em testes fisicos, mas nunca deixou de ser um jogador genial. Afinal, por que um intelectual declarado e confirmado deveria ser "sério" nesse meio? Teria sido talvez uma satira própria, uma vez que possuia muito mais "saber" do que qualquer ao meio futebolistico que pertenceu?



Um médico que nunca escondeu seu lado "monstro" dentro de campo e na hora de expor suas idéias politicas e filosóficas. Assim foi a lenda do até hoje filósofo Sócrates Brasileiro. Assim é a lenda do gênio e hoje ainda mais idolo Sócrates Corinthiano...



Frases sobre ele:

Ele joga de costas (pro gol) o que muitos não jogam de frente. - Pelé  

- Era engraçado quando discutiamos no vestiário do Corinthians. Nunca ninguém chegava a nenhuma conclusão, mas quando o Sócrates abria a boca, todos ouviam e concordavam. - Solito, goleiro do Corinthians campeão Paulista de 82

- “Quando cheguei ao Parque São Jorge eu disse, com absoluta frieza, que não era corinthiano, que era até anticorinthiano. Hoje, com a carreira encerrada, digo com a mesma tranqüilidade que sou corinthiano até morrer. Eu, que sempre digo que não mudaria nada em minha carreira, se pudesse começar tudo outra vez, talvez, na verdade, mudasse uma coisa, algo totalmente inviável, mas enfim: se pudesse, eu gostaria de ter nascido no Parque São Jorge. Porque a torcida faz isso com você. Já vi moleque mudar de time só com a visão do que a torcida corinthiana é capaz de fazer num estádio.” - O próprio Sòcrates, em entrevista a Juca Kfouri