terça-feira, 3 de agosto de 2010

[ESPECIAL] Lendas por acaso, PT 2 - Marcos Aurélio Galeano

É uma lenda porque: fez um dos gols mais importantes da história do Palmeiras, quiçá "O" gol mais importante.

Já faz algum tempo que o Palmeiras vem em má fase. Onze se passaram desde o titulo da Libertadores, o ultimo titulo de "grande escala" do clube. De lá pra cá, crises financeiras e politicas, rebaixamento, humilhações, eliminações traumatizantes em todos os torneios disputados e apenas um Campeonato Paulista conquistado em 2008 para se vangloriarem. A década de 2000 se firmou como uma das páginas mais negras na história da Sociedade Esportiva Palmeiras. Mas no seu começo, especificamente no ano 2000, uma partida valeu para os Palmeirenses mais do que qualquer titulo de sua galeria, e um personagem até então contestado e pouco valorizado passou a ser um dos maiores idolos da história do clube. Seu nome: Marcos Aurélio Galeano.

Desde seu inicio de carreira no próprio Palmeiras em 1989, Galeano nunca foi visto como um jogador muito além do "esforçado" ou "raçudo". Polivalente, atuava tanto de zagueiro quanto volante, compensava sua pouca técnica sempre com um excesso de vontade que muitas vezes foi confundida com violência. Tal "violência", lhe trazia a vista de um jogador estabanado, limitado e que muitas vezes comprometia a equipe. Poucos, pouquissimos aliás eram os palmeirenses que nutriam algum respeito por ele, até o dia 6 de Junho do ano 2000.

Nessa data, Corinthians e Palmeiras faziam aquele que até hoje é considerado o maior confronto da história deste clássico. Era o jogo de volta das semi finais da Copa Libertadores da América. No 1º jogo, a vitória sorriu para o lado corinthiano em um emocionante 4 x 3. O Corinthians vinha de duas temporadas espetaculares, com um time que jogava, como diziam, o "fino da bola". O Palmeiras, capitaneado por Luis Felipe Scolari, o Felipão, havia conquistado a Libertadores no ano anterior e tinha uma equipe forte que não deixava a desejar quanto ao seu rival.


Entre 98 e 2000, Corinthians e Palmeiras atingiram o ápice de sua quase secular rivalidade. Tantos jogos emocionantes e decisivos no periodo e as conquistas de cada clube os credenciavam como os maiores  clubes do país até então. O alvi-verde do Palestra Italia eliminou a equipe do Pqe. São Jorge nas quartas de final Libertadores de 99, fato que alimentou o clima de revanche e vingança alvi-negra que ainda estava confiante graças à vitória do primeiro jogo.

No jogo de volta, o país parou para assistir a partida. A audiência dos canais de televisão naquele dia só foi sobrepujada pela final da Copa de 2002 entre Brasil e Alemanha e até hoje se mantém como a segunda maior audiência da história da TV Brasileira. Os Corinthianos, vindo com o bi campeonato brasileiro (98/99) e o Mundial  conquistado no começo de 2000 não tinha problemas em admitir seu favoritismo, já o Palmeiras, além da Libertadores do ano anterior confiava em seu retrospecto positivo contra o rival nos jogos recentes.

E tal como esperado, o embate entre os dois maiores rivais foi épico e atendeu todas as expectativas de todo e qualquer amante do futebol, mostrando uma partida quase perfeita de duas equipes que aliavam a técnica com raça e determinação. Euller abriu o placar para o Palmeiras ainda no 1º tempo. O centroavante do Corinthians, Luizão, artilheiro da competição fez dois gols e virou o jogo para a equipe alvi-negra, e o meia Alex, camisa 10 do alvi-verde empatou novamente a partida, até os 18 minutos do 2º tempo...

Até aquele momento, Galeano tinha apenas uma participação discreta na partida, como de costume. Determinado taticamente, cumpria sua função de "cão de guarda" da zaga palmeirense.

Adilson Batista, na época zagueiro do Corinthians e hoje técnico da mesma equipe, fez falta em Marcelo Ramos proxima a área corinthiana pelo seu lado esquerdo. Alex se preparou parar fazer a cobrança. Como era uma jogada "costumeira" dos jogadores do Palmeiras na época, a maioria deles que estava dentro da área no lance correram para o "primeiro pau", deixando apenas o mesmo zagueiro Adilson e o nosso personagem principal do dia, que naquele momento era o capitão da equipe.

Alex fez a cobrança, e por algum motivo, ao contrário do habitual, o meia cobrou a bola na outra trave mesmo após ver movimentação dos jogadores do Palmeiras. Adilson, o unico zagueiro corinthiano cobrindo aquele lado direito não percebeu a passagem de Galeano, que livre só teve o trabalho de se aproveitar do erro do zagueiro e do fato do goleiro Dida não ter saido do gol, cabeceou a bola para o fundo da rede.


A partir dai, todos já conhecem a história: o fim de partida emocionante. Os penaltis. Marcelinho Carioca. Marcos...

Por ter pego o penalti decisivo, pela midia e por quem viu o jogos, Marcos saiu como o herói da partida. Mas para os palmeirenses, Galeano, o sempre crucificado e questionado Galeano, entrou para a galeria dos mais inusitados personagens decisivos de uma jogo de futebol. Um jogador pouco valorizado, desvalorizado, se tornou uma lenda. E até hoje, 10 anos depois, é mais lembrado pelos palmeirenses do que o próprio Marcos.

Assim foi o lance que tornou Galeano um heroi. Um jogador que foi revelado como uma "prata enferrujada", e se tornou um dos maiores idolos da história do Palmeiras. Assim ele se tornou uma Lenda por Acaso...